Os hábitos dos esquimós

Nas primeiras postagens da série #NossaHistóriaComAComida, vimos que a utilização do fogo no preparo dos alimentos e que o consumo de carne foram primordiais na nossa evolução de símios para humanos. Nesta terceira parte, vamos mostrar os hábitos de alguns povos.

A ciência, inclusive, já estudou os hábitos alimentares dos nossos ancestrais no período paleolítico. Embora haja uma crença de que a dieta era composta basicamente de plantas, a literatura científica aponta que, sempre que possível, os primeiros seres humanos consumiam entre 45% a 65% de calorias provenientes de alimentos de origem animal.

Dando um salto para nossa história recente, temos povos que continuam ingerindo basicamente alimentos crus. Entre eles estão os esquimós (inuítes), que vivem no Ártico do Canadá e que tiveram seus hábitos estudados em 1906, pelo antropólogo Vilhjalmur Stefansson.  

Ele constatou que os esquimós se alimentavam basicamente de carne de foca e rena, grandes peixes como o salmão e, de vez em quando, carne de baleia, além de quase não consumirem vegetais. O cozimento era feito apenas na refeição da noite e os caçadores costumavam comer peixe fresco cru ou, caso o peixe fosse maior, comer os intestinos e guardar o restante para outra refeição. Porém, mesmo cozinhando, alguns alimentos eram preferidos crus, como é o caso da gordura das baleias.

Também era costume dos esquimós ingerir o animal inteiro, incluindo ossos, fígado e miolos. A estimativa do pesquisador é que de 70% a 80% das calorias da dieta dos esquimós vinham de gorduras – inclusive eles davam as partes mais magras da carne (o filé mignon entre elas) para os cachorros. Stefansson não viu, entre eles, nem obesidade nem doenças.

Mas não apenas os esquimós possuem uma dieta rica em gordura de origem animal. No próximo capítulo do #NossaHistóriaComAComida vamos ver os hábitos de povos da Austrália e da África.

Foto: https://goo.gl/9eiBKP

O que nos fez seres humanos?

Nesta segunda parte da #NossaHistóriaComAComida vamos entender que nossa evolução humana e os hábitos alimentares de nossos ancestrais estão muito mais ligados do que podemos imaginar. Nossa “análise” pode começar pelos povos que são o elo evolutivo dos humanos para os macacos: os habilinos.

Registros apontam que, possivelmente, foram eles os que primeiro usaram facas para, por exemplo, cortar a língua dos antílopes mortos e conseguir pedaços mais generosos de carnes. Antes deles, havia os australopitecinos, mais semelhantes a chimpanzés. Após milhares de anos e cerca de dois milhões de anos atrás, é que saímos dos habilinos e passamos a ser “homem”, como o Homo erectus.

Mas o que nos ajudou nesse processo evolutivo? O que fez com que nosso corpo e nosso cérebro se afastasse cada vez mais dos macacos? Richard Wrangham nos responde isso em seu livro “Pegando Fogo: Por que cozinhar nos tornou humanos”: “Os antropólogos têm uma resposta. Segundo a visão mais aceita desde os anos 1950, houve um único ímpeto presumível: o consumo de carne”.

Esse consumo de carne fez com que os australopitecinos evoluíssem para os habilinos, porém, não apenas a carne esteve diretamente ligada à evolução para o Homo erectus, que possuía maxilares e dentes pequenos que não conseguiriam comer a carne crua dos animais. Cientistas apontam que a utilização do fogo no preparo das comidas também ajudou.

Dentro deste processo evolutivo, devemos lembrar que tanto nós quanto os seres caçadores da época paleolítica, evoluímos para buscar alimentos ricos em gorduras e açúcares, a diferença é que nossos ancestrais “lutavam” muito para encontrá-los. No entanto, ao contrário de nós, as fontes alimentares deles eram basicamente gorduras de animais e açúcares naturais de vegetais e de frutas que estivessem na estação. Mas esses hábitos mais detalhados ficarão para o próximo #NossaHistóriaComAComida.