Nossa História com a Comida – Última Parte

Estamos chegando ao fim da série #NossaHistóriaComAComida. E, agora, vamos começar a explicar o que tudo isso que falamos até agora tem a ver com nossos dias atuais e nossa saúde.

 

Nas tribos africanas dos Samburus e dos Massais, nas quais mais de 60% das calorias ingeridas vinha da gordura animal, a pressão arterial e o peso da sua população era cerca de 50% mais baixo que o dos pesquisadores ocidentais. E o colesterol e a pressão arterial, por exemplo, não pioravam com o envelhecimento.

 

“Se nossas crenças atuais sobre a gordura animal estão corretas, toda a carne e o leite que esses povos ingerem deveriam causar uma epidemia de doenças cardíacas”, resume Nina Teicholz, no livro “Gordura sem medo”.

 

Perto dos anos de 1900, o nutricionista mais influente da primeira metade do século XX, Sir Robert McCarrison, relatou que os siques e os hunzais, na Índia, sobreviveram essencialmente à base de alimentos de origem animal e não sofriam de nenhuma das doenças tão comuns no mundo ocidental, como câncer e apendicite, úlcera pépticas e cárie dentária.

 

Outro estudo, entre os anos de 1898 e 1905, feito pelo antropólogo Ales Hrdlicka, com os índios do sudoeste dos Estados Unidos observou que eles eram extremamente saudáveis e viviam muito, chegando a ter 224 homens centenários por 1 milhão de habitantes (na população branca esse índice chega a 3 por 1 milhão). Inclusive, os idosos de 90 anos (ou mais) não eram senis ou incapazes. A dieta deles era a base de carne de búfalo.

 

Estão percebendo que nossa saúde está intrinsecamente ligada ao que ingerimos? E que a gordura não é nem nunca foi a vilã da nossa alimentação?

 

Quando abandonamos os hábitos dos nossos ancestrais é que começamos a adoecer. E seguimos adoecendo cada vez mais na medida em que abandonamos a comida de verdade e vamos nos rendendo aos industrializados e processados.

 

Quer viver saudável até os 90, 100 anos? Então não perca tempo e comece sua mudança agora! Vamos construir uma nova parte do #NossaHistóriaComAComida.

 

Agora me conta aqui nos comentários: qual assunto você gostaria de ver como tema de uma nova série?

NOSSA HISTÓRIA COM O JEJUM: PRÁTICA MEDICINAL

Com este 8º capítulo do #NossaHistóriaComAComida, vamos finalizando o contexto histórico para chegar aos dias atuais e revelar como essa nossa relação com o que comemos hoje relacionada à forma como evoluímos diz tanto do momento que vivemos, com índices alarmantes de obesidade, diabetes e outras enfermidades.

Mas voltemos ao jejum… já vimos a prática de jejuar como forma natural e dentro das tradições religiosas e, agora, vamos abordar o jejum como tradição de cura.

Um dos registros do uso do jejum como forma medicinal vem do pai da Medicina moderna. Entre os anos 460 e 370 a.C. (isso mesmo, ANTES DE CRISTO!), Hipócrates chegou a prescrever o jejum. Segundo historiadores, ele escreveu: “comer quando você está doente, é alimentar sua doença”.

Saltando para o período depois de Cristo (entre 46 e 120 d.C.), o escritor grego e historiador Plutarco relatou que seria melhor jejuar que utilizar remédios. Paracelso – fundador da toxicologia e considerado junto com Hipócrates e Galeno um dos Pais da Medicina ocidental moderna – também recomendou o jejum e o considerava como “o médico interior”.

Um dos fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin, acreditava que o jejum, assim como o repouso, era o melhor remédio possível. Até mesmo nos dias atuais se recomenda o jejum, mesmo que de forma indireta. Quem tem criança pequena doente já deve ter ouvido do pediatra: “Deixe ela comer o quanto e se tiver vontade. Não force”.

Jason Fung, no seu livro “O código da obesidade”, esclarece que “os seres humanos, assim como muitos animais, não comem quando adoecem. (…) O jejum é, de certa forma, um instinto”.

Mas o que tudo isso que vimos até agora tem a ver conosco e com nossos hábitos de hoje? No que isso impacta nossa saúde? É o que veremos Na sequência. Continue acompanhando o #NossaHistóriaComAComida! E se você chegou agora, clica na hashtag pra poder conferir todos os capítulos.

EMAGRECIMENTO DEFINITIVO: MINHA JORNADA – PARTE 3

Nunca fui sedentário, mas, voltar às atividades depois de 18 meses parado e cerca de 30 kg acima do peso, não é fácil. Imagine então voltar à ativa e participar de uma corrida de rua! Foi preciso muita disciplina e determinação. E é sobre essa primeira corrida que vou falar nesta 3ª parte do #tbt especial #DaObesidadeAos100km.

Como falei nos posts anteriores, toda minha mudança de hábitos começou em janeiro de 2013. E muitos acham que comecei a correr logo em seguida, mas não foi exatamente assim. Só iniciei nas corridas em março daquele ano.

Como ainda estava bastante pesado, eu alternava entre caminhada e corrida. Como se cria o hábito? Fazendo tudo dia após dia. Por isso, criei essa rotina de caminhada/corrida durante quatro ou cinco dias na semana.

No início, meu pace médio era de 8’45”. Eu começava andando 1 km, depois trotava 2 km; andava 1 km e terminava trotando mais 2 km. Por fim, totalizava 6 km.

Da esquerda para a direita: Ricardo Dubeux, eu e Pedro Morato

Após duas semanas dessa rotina, eu participei de minha primeira corrida oficial: a Corrida das Pontes do Recife. Inicialmente, eu me inscrevi na prova de 5 km, mas quando fui buscar o kit, meu amigo Ricardo Dubeux, que sempre foi atleta (velejador e também corredor), me desafiou a correr 10 km.

Apesar de ainda estar quase 30 kg acima do peso, aceitei o desafio! Não só consegui mudar minha inscrição como participei e concluí todo o percurso Completei os 10k em 1h24. A sensação de finalizar a prova foi demais!

Daquela prova de 10k para agora, já foram inúmeras corridas de rua de 5k e 10k. E, com o tempo, logicamente, meu condicionamento e meu desempenho foram melhorando. Hoje, minhas melhores marcas são: 10 km = 00:39:09, 21 km = 1h24 e 42,195 km = 2:55:10.

Eu sempre ressalto que depois que comecei a correr, passo o dia muito mais disposto e tranquilo. E, principalmente nos dias que corro, durmo muito melhor.

No próximo #tbt vou falar sobre minha primeira prova fora do Brasil. Mas me conta aqui nos comentários, você deseja correr provas mais longas?

 

Nossa história com o jejum: parte 2

Nesta 7ª parte do #NossaHistóriaComAComida, seguiremos falando sobre o jejum. Já vimos que ele faz parte da nossa história evolutiva e que era praticado de uma forma natural por nossos ancestrais. Agora, veremos que jejuar também faz parte das tradições religiosas.

De forma espiritual, costuma-se jejuar como forma de purificação. Tanto Jesus quanto Buda e Maomé acreditam neste “poder” do jejum. Dentro das religiões, a prática de jejuar se desenvolveu de diferentes formas, mas todas convergem para os benefícios que ela traz ao corpo de ao espírito.

No budismo, por exemplo, é comum fazer jejum diariamente do meio-dia até a manhã do dia seguinte, podendo haver também jejuns durante dias ou semanas (é consumido apenas água). Os cristãos ortodoxos grego podem chegar a realizar vários jejuns por 180 a 200 dias no ano.

Para os muçulmanos, o jejum é praticado regularmente durante o Ramadã. Neste período, eles jejuam do nascer do sol ao pôr-do-sol durante todo o mês sagrado. Além disso, Maomé ainda incentivou o jejum de segunda a quinta de todas as semanas.

Na Bíblia Sagrada, há diversos exemplos de jejum (de 1, 3, 7 e 40 dias). Em resumo, o jejum integra basicamente as tradições de todas as grandes religiões como forma de busca espiritual, constituindo-se em uma parte fundamental das mesmas.

A estimativa, por exemplo, é que existam: 1,6 bilhões de muçulmanos no mundo, 14 milhões de mórmons (eles jejuam uma vez ao mês) e 350 milhões de budistas. Ou seja, se considerarmos os praticantes das religiões, podemos afirmar que aproximadamente ⅓ da população mundial jejua regularmente.

Já como prática medicinal, o jejum tem registro histórico desde antes de Cristo. Veremos mais detalhes na próxima parte do #NossaHistóriaComAComida.

Nossa história com o jejum: parte 1

Como vimos nas postagens anteriores do #NossaHistóriaComAComida, dois dos principais fatores que nos tornou humanos foram o domínio do fogo e o consumo da carne. Vimos também que, durante 99,5% da nossa história evolutiva, o homem viveu de caça e coleta e que nossos genes levam de 40 a 70 mil anos para se adaptar a alguma condição (alimentar).

Como nossos ancestrais comiam o que a natureza ofertava (carnes e vegetais), é óbvio que essa oferta era sempre sazonal, ou seja, em certas estações do ano, a oferta de determinado alimento poderia ser maior ou menor, chegando muitas vezes a se tornar escassa. Assim, os longos períodos sem se alimentar SEMPRE fizeram parte da nossa natureza como ser humano. Foram nessas condições que nossos ancestrais evoluíram e que nossos genes se adaptaram, caso contrário, eu não estaria escrevendo esse post e você não estaria lendo.

Cientistas acreditam que um dos principais fatores para o extermínios dos Neandertais (antecessor do Homo sapiens) foi os longos períodos de escassez alimentar – seus genes não se adaptaram.  E, há mais de 2,5 milhões de anos, nossa espécie vem praticando o jejum de forma natural, religiosa e até medicinal.

Jason Fung, em seu livro “O código da obesidade”, resume muito bem: “o corpo humano evoluiu para sobreviver a períodos episódicos de fome”. No mesmo livro, ele ainda pontua: “esse é um segredo antigo. Esse é o ciclo da vida. O jejum segue a alimentação. A alimentação segue o jejum”.

Este ciclo da vida do qual fala Fung sempre esteve presente no jejum natural de nossos ancestrais, por conta da sazonalidade dos alimentos e dos longos períodos em busca da caça. Mas, com já mencionei, também encontramos o jejum como prática religiosa comum e ainda sendo utilizado como tradição de cura. Porém, estes serão os temas dos próximos capítulos do #NossaHistóriaComAComida.

Os hábitos dos esquimós

Nas primeiras postagens da série #NossaHistóriaComAComida, vimos que a utilização do fogo no preparo dos alimentos e que o consumo de carne foram primordiais na nossa evolução de símios para humanos. Nesta terceira parte, vamos mostrar os hábitos de alguns povos.

A ciência, inclusive, já estudou os hábitos alimentares dos nossos ancestrais no período paleolítico. Embora haja uma crença de que a dieta era composta basicamente de plantas, a literatura científica aponta que, sempre que possível, os primeiros seres humanos consumiam entre 45% a 65% de calorias provenientes de alimentos de origem animal.

Dando um salto para nossa história recente, temos povos que continuam ingerindo basicamente alimentos crus. Entre eles estão os esquimós (inuítes), que vivem no Ártico do Canadá e que tiveram seus hábitos estudados em 1906, pelo antropólogo Vilhjalmur Stefansson.  

Ele constatou que os esquimós se alimentavam basicamente de carne de foca e rena, grandes peixes como o salmão e, de vez em quando, carne de baleia, além de quase não consumirem vegetais. O cozimento era feito apenas na refeição da noite e os caçadores costumavam comer peixe fresco cru ou, caso o peixe fosse maior, comer os intestinos e guardar o restante para outra refeição. Porém, mesmo cozinhando, alguns alimentos eram preferidos crus, como é o caso da gordura das baleias.

Também era costume dos esquimós ingerir o animal inteiro, incluindo ossos, fígado e miolos. A estimativa do pesquisador é que de 70% a 80% das calorias da dieta dos esquimós vinham de gorduras – inclusive eles davam as partes mais magras da carne (o filé mignon entre elas) para os cachorros. Stefansson não viu, entre eles, nem obesidade nem doenças.

Mas não apenas os esquimós possuem uma dieta rica em gordura de origem animal. No próximo capítulo do #NossaHistóriaComAComida vamos ver os hábitos de povos da Austrália e da África.

Foto: https://goo.gl/9eiBKP

Nossa história com a comida

Entender como funcionam as coisas abre nossas mentes e nos possibilita compreender, inclusive, nossos próprios comportamentos. Com a alimentação não é diferente. Por isso, decidi falar um pouco sobre #NossaHistóriaComAComida em uma série de portagens.

Antes de começar, precisamos ter em mente uma informação importantíssima trazida pelo Dr. David Perlmutter, no livro “A Dieta da Mente”: precisa-se de 40 mil a 70 mil anos para ocorrerem as alterações genéticas que levam a nos adaptarmos a uma mudança alimentar de forma significativa.

O que isso quer dizer? Que várias mudanças comportamentais foram acontecendo ao longo dos anos até nosso organismo “acostumar-se” a viver como vivemos hoje, nos distanciando tanto de nossos ancestrais.

Há uma espécie de consenso científico que o fogo foi definitivamente controlado 200 mil anos atrás e que, por volta desta mesma época, passou a ser usado para o cozimento. A partir daí, muita coisa mudou. Inclusive, o “controle” do fogo teve um significativo grau de importância em nosso desenvolvimento como sociedade.

Após o cozimento, houve toda uma mudança social. O alimento passou a ser mais macio, logo, era possível se comer mais em menos tempo. Com isso, houve alteração no dia de trabalho, já que possibilitou mais tempo livre.

É um ciclo: a busca por comida nos leva a um processo evolutivo, que afeta a sociedade; enquanto que as mudanças sociais alteram a qualidade da alimentação. Hoje, vemos um mundo com hábitos alimentares muito diferentes daqueles com os quais nossos ancestrais evoluíram milhões de anos – hábitos estes que interferem diretamente em nossa saúde.

Mas se a descoberta do fogo nos levou a uma evolução tão rápida, como viviam e o que comiam os nossos ancestrais? Bom, esse já é o tema da próxima parte da #NossaHistóriaComAComida.