A dieta mais antiga do planeta?

Como dissemos no último capítulo do #NossaHistóriaComAComida, vamos trazer nesta quinta parte da série um estudo feito, em 2000, por pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá com 229 populações caçadoras-coletoras.

Grau Taubes, no seu livro “Por que engordamos e o que fazer para evitar”, detalha os resultados desse estudo: “uma em cada cinco dessas 229 populações subsistia quase exclusivamente da caça e da pesca. Essas populações obtinham mais de 85% de suas calorias da carne ou do peixe; algumas obtinham 100% (…). Apenas 14% dessas populações caçadoras-coletoras obtinham mais da metade de suas calorias das plantas. Nenhuma dessas populações era exclusivamente vegetariana.”

Isso significa dizer que é possível sobreviver com um hábito alimentar quase sem a ingestão de fruta, hortaliça ou grão. Além disso, esses povos caçadores-coletores tinham uma dieta boa quantidade de proteína (19% a 35% das calorias ingeridas) e gorduras (28% a 58% das calorias). Os esquimós, como já vimos na parte 3 do #NossaHistóriaComAComida, por exemplo, chegavam a ter até 80% de suas calorias provenientes da gordura de origem animal.

Vimos também na parte 4 do #NossaHistóriaComAComida – e isso se repete com esses 229 povos pesquisados – que a maioria prefere abater animais gordos e ingerir suas partes mais gordas, como a língua, órgãos e medula óssea. Além, claro, de possuírem uma dieta pobre em carboidratos, que era proveniente apenas dos vegetais silvestres.

Mas o principal ponto é que os cereais, laticínios, óleos vegetais e açúcares que hoje fazem parte de mais de 60% da dieta tipicamente ocidental, nunca foram fonte de energia dos povos caçadores-coletores.

O que isso significa? Que o período agrícola, iniciado nos últimos 0,5% da nossa história evolutiva – ainda não teve efeito significativo na nossa genética. Evoluímos a partir do que comemos na Era Paleolítica, ou seja, nos 2,5 milhões de anos antes da agricultura.

Mas devemos lembrar ainda que, naquela época, o alimento não era algo tão facilmente disponível. Os caçadores precisavam se afastar muitos e até por vários dias para conseguir sua presa. E é aí que entra o jejum, tema na próxima postagem do #NossaHistóriaComAComida.

Link do artigo: https://goo.gl/Z39d4E

Fígado: o superalimento mais potente da natureza

Há um bom tempo queria fazer uma postagem sobre esse incrível alimento que o fígado. Na natureza não há nenhum alimento com tamanha densidade nutricional. Depois que cheguei na postagem do Chris Kresser, decidi apenas traduzi-la e posta-la aqui.

Confira abaixo:

A sabedoria dietética convencional sustenta que os micronutrientes (vitaminas, minerais e oligoelementos) que precisamos dos alimentos são mais altamente concentrados em frutas e vegetais. Embora seja verdade que frutas frescas e vegetais estejam cheios de vitaminas e minerais, o teor de micronutrientes nem sempre corresponde ao que é encontrado em carnes e carnes de órgãos – especialmente fígado.

O gráfico abaixo lista o conteúdo de micronutrientes de maçãs, cenouras, carne vermelha e fígado bovino. Observe que todos os nutrientes da carne vermelha, exceto a vitamina C, superam os das maçãs e cenouras, e todo nutriente – incluindo a vitamina C – no fígado bovino ocorre em níveis excessivamente mais altos no fígado bovino comparado com maçã e cenoura. Em geral, as carnes de órgãos são entre 10 e 100 vezes mais altas em nutrientes que as carnes musculares correspondentes. (Dito isto, frutas e vegetais são ricos em fitonutrientes, como flavonóides e polifenóis, que não são encontrados em altas concentrações em carnes e carnes de órgãos, portanto, os produtos frescos devem sempre ser uma parte significativa de sua dieta.)

Na verdade, você pode se surpreender ao saber que, em algumas culturas tradicionais, apenas as carnes orgânicas eram consumidas. As carnes magras, que são o que mais comemos nos EUA hoje, foram descartadas ou talvez dadas aos cães.

Uma objeção popular a comer fígado é a crença de que o fígado é um órgão de armazenamento de toxinas no corpo. Embora seja verdade que um dos papéis do fígado é neutralizar toxinas (como drogas, agentes químicos e venenos), ele não armazena essas toxinas. Toxinas que o corpo não consegue eliminar tendem a se acumular nos tecidos adiposos e nos sistemas nervosos do corpo. Por outro lado, o fígado é um órgão de armazenamento para muitos nutrientes importantes (vitaminas A, D, E, K, B12 e ácido fólico e minerais como cobre e ferro). Esses nutrientes fornecem ao corpo algumas das ferramentas necessárias para se livrar das toxinas.

Lembre-se que é essencial comer carnes e órgãos de animais criados em pastagens frescas, sem hormônios, antibióticos ou alimentos comerciais. Os produtos de origem animal criados em pasto são muito mais ricos em nutrientes do que os produtos animais que vêm de confinamentos comerciais. Por exemplo, a carne de animais criados em pasto tem 2-4 vezes mais ácidos graxos ômega-3 do que a carne de animais criados comercialmente. E os ovos criados em pastagens contêm até 19 vezes mais ácidos graxos ômega-3 do que os ovos dos supermercados! Além dessas vantagens nutricionais, os produtos de origem animal criados em pasto beneficiam os agricultores, as comunidades locais e o meio ambiente.

MAÇÃ (100 g) CENOURAS (100 g) CARNE VERMELHA (100 g) BIFE DE FÍGADO (100 g)
Cálcio 3.0 mg 3.3 mg 11.0 mg 11.0 mg
Fósforo 6.0 mg 31.0 mg 140.0 mg 476.0 mg
Magnésio 4.8 mg 6.2 mg 15.0 mg 18.0 mg
Potássio 139.0 mg 222.0 mg 370.0 mg 380.0 mg
Ferro .1 mg .6 mg 3.3 mg 8.8 mg
Zinco .05 mg .3 mg 4.4 mg 4.0 mg
Cobre .04 mg .08 mg .18 mg 12.0 mg
Vitamina A 40 IU 53,400 IU
Vitamina D Vestígios 19 IU
Vitamina E .37 mg .11 mg 1.7 mg .63 mg
Vitamina C 7.0 mg 6.0 mg 27.0 mg
Tiamina .03 mg .05 mg .05 mg .26 mg
Riboflavina .02 mg .05 mg .20 mg 4.19 mg
Niacina .10 mg .60 mg 4.0 mg 16.5 mg
Ácido pantotênico .11 mg .19 mg .42 mg 8.8 mg
Vitamina B6 .03 mg .10 mg .07 mg .73 mg
Folato 8.0 mcg 24.0 mcg 4.0 mcg 145.0 mcg
Biotina .42 mcg 2.08 mcg 96.0 mcg
Vitamina B12 1.84 mcg 111.3 mcg

Postagem orginal: https://goo.gl/58oJzN