Quando comecei a comer comida de verdade, logo percebi que a fome diminuía bastante. Fui pesquisar mais sobre o que a ciência diz a respeito dos jejuns, já que não sentia mais fome na hora das refeições. Já passava mais de 16 horas sem comer nada e me sentia ótimo, sem fome. Queria saber se fazia bem ou mal, se qualquer pessoa poderia fazer ou qualquer outra coisa que pudesse me ajudar nesse dilema.
Eu me perguntava: se a humanidade evoluiu milhões de anos sem comer todos os dias, muito menos a cada três horas, por que devemos comer “tanto” se nossos genes não estão adaptados?
Nos dizem pra comer “toda hora”, mesmo sem haver embasamento científico para tal. Aceitamos como verdade a necessidade de “precisar” comer direto. Mas por que isso?
Quando vi que em todas as pesquisas em que foi comparada uma alimentação low carb com qualquer outra, a low carb foi superior. Entenda aqui o que é uma alimentação low carb. E é justamente na alimentação com baixo carboidrato onde nos sentimos mais saciados.
Comecei a testar comigo mesmo e a compartilhar minhas refeições em meu perfil no Instagram (@andreburgos). Quando mostro que faço uma, duas ou nenhuma refeição no dia muitos me enchem de perguntas. Alguns até me acham louco. E o que mais deixa as pessoas intrigadas é que pratico atividade física que exige muito esforço e resistência. Corro maratonas e ultramartonas. E, sim, comer comida de verdade e fazer jejum tem me deixado mais disposto e otimizado bastante minha recuperação.
Não sou exceção. A humanidade evoluiu mais de 2 milhões de anos comendo o que a natureza oferecia (comida de verdade) e gastando bastante energia. Nossos genes estão adaptados a isso. 🙂
Mas será que passar longos períodos (acima de 14 horas) sem se alimentar faz bem ou mal? Qualquer pessoa pode fazer?
Pedi para a nutricionista Mirella Alves falar sobre o jejum intermitente. Leia abaixo:
“Será o jejum uma nova terapia? Mais uma nova “dieta da moda”? Devemos mesmo comer de três em três horas? Pular os lanchinhos trará problemas?
Para as pessoas que seguem as diretrizes nutricionais vigentes e consomem cerca de 60% de carboidratos por dia e evitam as gorduras como se elas fossem o grande mal do mundo, comer de três em três horas normalmente se faz necessário, pois esse tipo de dieta faz com que você sinta fome o tempo todo realmente. E passar algumas horas sem se alimentar já causa dor de cabeça, mal estar, barriga roncando e até hipoglicemia.
Quanto mais carboidratos você come mais insulina você libera e picos de insulina levam ao armazenamento mais rápido da glicose com consequente “sobra” de insulina na corrente sanguínea, que leva a fome novamente de preferência de mais carboidratos. E isso se torna um “ciclo vicioso”.
Onde eu estou querendo chegar com essa introdução é que pessoas que seguem uma dieta mais “low carb high fat”, ou seja, com menos carboidratos e mais gorduras, tendem a passar maiores períodos sem se alimentar e o melhor de tudo sem sentir fome, o jejum acontece de forma natural.
Será um jejum uma novidade? Não! Tenho certeza que nós, seres humanos, não evoluímos comendo de três em três horas. Até mesmo nossos avós não tinham esse hábito de comer várias vezes ao dia. Lembro muito bem da minha avó dizendo: “Menina não come isso agora, se não tu não vai almoçar”. O jejum é praticado há muitos séculos principalmente por questões religiosas, várias culturas praticam o jejum.
Existem muitos mitos sobre o jejum, tais como, você vai perder massa muscular, diminuir sua taxa metabólica basal, o cérebro só funciona com glicose, quando você voltar a comer terá compulsão e, a mais comum, “isso é loucura”. Enfim, as dúvidas e medos são inúmeros.
E não, nosso metabolismo não vai diminuir no jejum. Existem estudos que provam isso, eles mostram que o metabolismo não diminui, pelo contrário teve um estudo em que o metabolismo até aumentou e esse foi um estudo em que as pessoas passavam TRÊS dias sem se alimentar!
Entre os benefícios do jejum estão: melhora na sensibilidade à insulina, longevidade, diminuição do quadro inflamatório crônico, queda de níveis lipídicos altos, redução da pressão arterial, diminuição do estresse oxidativo e ação cardioprotetora.
Nosso corpo armazena energia na forma de gordura, então, por que “cargas d’água” iríamos usar os músculos como fonte de energia se temos uma reserva de gordura para queimar? Nosso cérebro funciona muito bem com corpos cetônicos que são produzidos a partir dos ácidos graxos (gordura). E fazemos isso diariamente enquanto dormimos e acordamos bem.
O maior medo das pessoas é em relação à glicose e ao cérebro, já que ele é “dependente” dela. Sim, nosso cérebro precisa de glicose para funcionar, aproximadamente 120g/dia, mas essa glicose não precisa vir necessariamente da alimentação! O nosso fígado tem a capacidade de produzir glicose, aproximadamente 200g/dia.
Quem quer que você coma o tempo todo? Por que as pessoas não apoiam? Porque ninguém ganha dinheiro de você quando você jejua. Pense nisso!
É importante salientar que o jejum deve ser feito por indivíduos ADULTOS E SAUDÁVEIS, não dependentes de medicamentos, especialmente diabéticos que tomam hipoglicemiantes e insulina. E, claro, para as gestantes, também não é indicado. Além do mais, o acompanhamento profissional é fundamental para avaliar a necessidade e os intervalos.”
Mirella é nutricionista e Especialista em Nutrição Clínica LCHF/Paleo
Siga no instagram: @mirellanutricionista
Contato para consultas: 81 33266291 ou 81 9 92874433